segunda-feira, 10 de junho de 2013

Luís Vaz de Camões



Amor é fogo que arde sem se ver
É ferida que dói e não se sente
É um contentamento descontente
É dor que desatina sem doer.

É um não querer mais que bem querer
É um andar solitário entre a gente
É nunca contentar-se de contente
É um cuidar que se ganha em se perder.

É querer estar preso por vontade
É servir a quem vence o vencedor,
É ter com quem nos mata lealdade.

Mas como causar pode seu favor
Nos corações humanos amizade,
Se tão contrário a si é o mesmo amor?

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